A decisão da Petrobras de chamar a polícia para impedir que os petroleiros ligados à Federação Nacional dos Petroleiros fizessem piquetes em frente à sede da estatal no centro do Rio revoltou o sindicato, que ameaça acirrar ainda mais o movimento grevista com a ocupação de unidades de produção e refino.
Em entrevista à Agência Brasil, Emanuel Cancela, secretário geral da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) e do Sindipetro-RJ, disse que o acirramento terá início já a partir de amanhã (4) em reação á decisão da empresa de dificultar a ação do “comitê de convencionamento” com a presença da Polícia Militar.
“Em reação à decisão da Petrobras [de chamar a PM], já a partir desta quarta-feira nós vamos acirrar ainda mais o movimento, inclusive com a ocupação de unidades de produção e refino, como já foi feito no passado”.
Cancela adiantou que a estratégia de ocupação de unidades vai utilizar trabalhadores demitidos do Pólo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e, também, de metalúrgicos da construção naval que estão sendo demitidos em consequência do corte de investimentos determinado pela nova diretoria da estatal.
“Nós não vamos ficar calados, de braços cruzados, enquanto nossos companheiros estão sendo sangrados nas bases de produção. As plataformas, refinarias e terminais continuarão o processo de diminuição da capacidade de produção da empresa”, disse.
Na avaliação do dirigente sindical, apesar das denúncias da Operação Lava Jato, os petroleiros vem fazendo a sua parte. “Melhoramos todos os indicativos da empresa: aumentamos a capacidade de refino, a produção de petróleo, inclusivo no pré-sal, que já ultrapassou os 1 milhão de barris por dia”.
Por isso mesmo, afirmou, não aceitaremos rebaixamento de clausulas sociais e muito menos redução de rendimentos. Assim como também não vamos aceitar a venda de nenhum ativo da empresa – se isto acontecer aí é que o movimento vai acirrar ainda mais”
Já a Federação Única dos Petroleiros (FUP) acusa a Petrobras de não respeitar o direito de greve. Segundo a entidade, para tentar desmobilizar a categoria, as gerências estão utilizando de “métodos coercitivos que vão desde a pratica de cárcere privado, mantendo os trabalhadores presos em suas unidades sem direito á rendição, passando pelo uso da força policial dentro das unidades, até a realização de ligações telefônicas para a casa dos trabalhadores com intimidações às suas famílias”.
Segundo a FUP, ‘essas arbitrariedades” contrariam frontalmente a Lei de Greve e a decisão legítima dos trabalhadores de aderirem ao movimento. “A Petrobras recusou-se a negociar com as entidades sindicais um acordo de greve que respeitasse o que determina a legislação: o direito dos trabalhadores pararem suas atividades, impactando a produção e garantindo as necessidades imediatas da população”, diz comunicado da entidade.
Balanço publicado na página da federação na internet, indica que, somente no Norte Fluminense, na Bacia de Campos, responsável por 80% da produção nacional do país, 41 plataformas aderiram, parcialmente ou totalmente, ao movimento. Vinte e cinco unidades estão paradas totalmente, oito estão operando com restrição de produção. “Cerca de 400 a 450 mil barris deixaram de ser produzidos”, afirma a FUP.
Até a publicação da matéria a Petrobras ainda não tinha se manifestado sobre as declarações do sindicato. (Agência Brasil)