Ações da petroleira saudita Aramco sobem 10% no primeiro dia de cotação em bolsa

Valor de mercado total da empresa foi elevado para US$ 1,88 trilhão, o que transforma a Aramco na empresa cotada em bolsa mais valiosa do mundo.

Por France Presse

As ações da petroleira saudita Aramco dispararam 10% nesta quarta-feira (11), o máximo diário permitido, o que eleva a avaliação da empresa a US$ 1,88 trilhão, na maior Oferta Pública Inicial (IPO, na sigla em inglês) da história.

As ações subiram 3,2 riais (US$ 0,85) nos primeiros segundos de cotação e alcançaram 35,2 riais (US$ 9,4), o transforma a Aramco na empresa cotada em Bolsa mais valiosa do mundo.

A entrada na Bolsa da Aramco deve tornar o Tadawul, o índice de referência da Bolsa da Arábia Saudita, em um dos 10 principais do mundo.

Nos primeiros segundos de cotação foram disponibilizadas ao mercado 16 milhões de ações.

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Estatal de petróleo levanta mais de US$ 25 bi na maior oferta inicial de ações já feita

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Aramco levantou um recorde de 25,6 bilhões de dólares com seu IPO na semana passada, após anos de esforços do príncipe Bin Salman para abrir a companhia para investidores e obter recursos para ajudar a diversificar a economia saudita para além do petróleo.

A empresa descartou ofertas em Nova York e Londres após estrangeiros criticarem a avaliação e levantarem dúvidas sobre a transparência corporativa. Ao invés disso, a empresa focou no mercado de Riad, para investidores sauditas e abastados aliados do Golfo Pérsico.

A petroleira é a empresa mais lucrativa do mundo, com dividendos (remuneração aos acionistas) planejados de US$ 75 bilhões no próximo ano, mais de cinco vezes o da Apple.

A negociação das ações é uma aposta diante da perspectiva de que a demanda global por petróleo desacelere a partir de 2025, devido a medidas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e o aumento do uso de veículos elétricos.

O IPO envolve risco político, já que o governo saudita, que depende da Aramco para a maior parte de seu financiamento, continuará a controlar a empresa.

A gigante petroleira

A Aramco nasceu de um acordo de concessão assinado em 1933 pelo governo saudita com a companhia americana Standard Oil Company of California. A prospecção começa em 1935 e três anos depois, o petróleo começa a jorrar.

Em 1949, a produção de petróleo atinge o nível recorde de 500.000 barris por dia (mbd) e segue aumentando após a descoberta de outros grandes campos petrolíferos, como Ghawar, o maior do mundo, com reservas comprovadas de 60 bilhões de barris.

Em 1973, em pleno ‘boom’ dos preços do petróleo, vinculado ao embargo árabe do ouro negro contra os Estados Unidos por seu apoio a Israel, o governo saudita adquire 25% da Aramco, com os quais o percentual do Estado chega a 60%, tornando-o acionista majoritário.

Em 1980, a empresa é nacionalizada e oito anos depois, rebatizada de Saudi Arabian Oil Company ou Saudi Aramco.

Desde os anos 1990, a Aramco investiu centenas de bilhões de dólares em projetos de expansão e sua capacidade de produção atual é de 12 milhões de barris diários.

Hoje, a Aramco possui 260 bilhões de barris de reservas comprovadas de petróleo, tornando a Arábia Saudita o segundo país com as maiores reservas do mundo, atrás da Venezuela.

A empresa, com sede em Dhahran, também tem filiais e refinarias em outros países e redes de oleodutos nacionais e internacionais e ampliou sua presença à indústria petroquímica.

Em abril passado, o grupo publicou suas contas pela primeira vez e anunciou um lucro líquido de US$ 111,1 bilhões em 2018, uma cifra 46% superior à do ano anterior, e receita anual de US$ 356 bilhões.

A entrada na Bolsa foi atrasada em várias ocasiões, devido a condições pouco favoráveis dos mercados.

Em setembro, os ataques de drones contra instalações da Aramco provocaram a suspensão de metade da produção e geraram o temor de uma perda de confiança dos investidores.

A Arábia Saudita acusou o Irã de ter estimulado o ataque, reivindicado oficialmente pelos rebeldes huthis do Iêmen, que têm o apoio de Teerã. G1