Operação Voo baixo prendeu no interior de SP, empresário que “herdou” operação de tráfico de cocaína a partir da fronteira
Marta Ferreira
Imagem divulgada pela PF mostra possível carregamento de avião com pacotes de cocaína. (Fotos Divulgação)Clique na imagem para ampliar
A Operação Voo Baixo, desencadeada pela Polícia Federal de São Paulo nesta quarta-feira (4) desarticulou organização criminosa voltada ao tráfico internacional de cocaína, negociada pela facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), que fazia a rota Bolívia/Europa com entrada por MS, na fronteira, passando por cidades do interior de São Paulo até que os carregamentos fossem despachados via Porto de Santos. O bando tinha pelo menos 19 aviões e chegou a ter aeronave abatida pela Força Aérea Brasileira em Mato Grosso do Sul, em abril do ano passado, segundo informação divulgada pela Polícia Federal nesta manhã.
Considerado chefe da quadrilha, Rubens de Almeida Salles Neto foi preso na casa dele em São José Rio Preto (SP), cidade onde era conhecido como empresário e se apresentava, ainda, como dono de fazendas em Mato Grosso do Sul.
A droga, segundo a investigação, era transportada da Bolívia para cidades de MS em 19 aviões operados pelo grupo, ficava armazenada em galpões de municípios do Estado, depois ia para São Paulo, em veículos preparados para esse fim, com fundos falsos, por exemplo. Nas cidades paulistas, o produto ilícito era guardado em chácaras e sítios, para depois ser levado ao Porto de Santos, com destino a países europeus.
A movimentação mensal é estimada em 1,5 tonelada de cocaína, 85% disso para “exportação”, com valor cinco mil por cento maior que o de compra na Bolívia, cuja negociação tinha, de acordo coma Polícia Federal, o domínio do PCC. Os aviões eram regulares, segundo informado, mas apresentavam planos de voos falsos para conseguir fazer o transporte da cocaína produzida no país vizinho.
“Herança” – Em entrevista coletiva à imprensa, o coordenador da operação, delegado de Polícia Federal, Fabrizio Galli, informou que o chefe da quadrilha, sem identificar o nome, “assumiu” as operações depois da morte do sogro, em 2011. A esposa dele, identificada pelo Campo Grande News como Beatriz Gatti, também foi presa.
O pai dela se trata de Carlos Alberto Simões Junior, encontrado morto em uma fazenda de Coxim, na região Norte do Estado, em 2011. Ele havia sido preso na operação Deserto, destinada justamente a desarticular quadrilha de envio de droga da Bolívia para a Europa.
A esposa dele, a boliviana Cyntia Lijeron Gomez, também já morreu. Foi executada em julho de 2011 em Rondonópolis, no Mato Grosso.
Um dos 11 aviões apreendidos nas ações desta quarta-feira.Clique na imagem para ampliar
Aeronave abatida – O coordenador da operação de hoje informou que no ano passado, a interceptação de aeronave do grupo ocorreu por não haver autorização para a entrada no país, obedecendo a lei do abate. O aparelho, acompanhado por equipes da FAB, fez pouso forçado no Pantanal, a 150 quilometros de Corumbá, segundo noticiado à época. Carregava meia tonelada de cocaína. O lugar não foi informado.
De acordo com o delegado da PF, só hoje foram apreendidas 11 aeronaves. Outras três, além da que foi abatida já haviam sido pegas em operações contra a organização criminosa, informou.
As prisões, conforme Galli informou, ocorreram em cidades de São Paulo, Mato Grosso e Minas Gerais. Foram citadas São José do Rio Preto, São Paulo, Bauru, Americana, Araçatuba, todas em SP, além de Rondonópolis (MT) e Governador Valadares (MG).
As buscas envolveram 16 cidades e não foi esclarecido durante a coletiva se alguma fica em Mato Grosso do Sul.
O delegado explicou que eram 33 mandados de busca e apreensão e 14 de prisão. Segundo ele, três pessoas ainda estavam foragidas. Há, ainda de acordo com o delegado da PF, mais 11 pessoas presas, durante o curso das investigações, totalizando 22 prisões. Também houve apreensão de três fazendas e de manuscritos que vão ajudar a esclarecer a atuação do grupo.
(Matéria editada às 14h29, para correção de informação. Cgnews