O dólar recuou nesta sexta-feira (8), acompanhando o movimento no exterior após dados fracos sobre a criação de empregos nos Estados Unidos e com correções no mercado de câmbio depois da forte alta no dia anterior. No cenário local, as atenções permaneceram voltadas para a articulação política em torno da reforma da Previdência, destacou a Reuters.
A moeda norte-americana recuou 0,39%, vendida a R$ 3,8691. Na mínima do dia, foi a R$ 3,8504 e, na máxima, chegou a R$ 3,9029. Na semana, o dólar subiu 2,38%. Em 2019, no entanto, acumula leve queda de 0,13%. O Banco Central vendeu 14,5 mil swaps cambiais tradicionais, equivalente à venda futura de dólares. Assim, rolou US$ 2,175 bilhões dos US$ 12,321 bilhões que vencem em abril.
Cenário externo
Os EUA criaram apenas 20 mil vagas de trabalho em fevereiro, um número bem abaixo do que era esperado, endossando preocupações de desaceleração acentuada na atividade econômica norte-americana. Na China, as exportações em fevereiro caíram 20,7% em relação ao ano anterior, maior queda em 3 anos, segundo dados divulgados nesta sexta, elevando os temores sobre a desaceleração do país asiático, atualmente em uma guerra comercial com os Estados Unidos.
“Os dados publicados reforçam nossa opinião de que começou a recessão comercial da China”, disse Raymond Yeung, do ANZ bank. “Vemos poucos motivos para esperar uma recuperação a curto prazo”, completou.
Reforma da Previdência
No cenário doméstico, após dias sem manifestação do governo sobre a reforma da Previdência, o presidente Jair Bolsonaro usou o Twitter na noite de quinta-feira para defender a reforma, afirmando que ela permitirá estabilizar as contas públicas e viabilizará uma “rígida” reforma tributária.
A sinalização foi bem recebida por agentes do mercado financeiro, mas não aplacou complemente a cautela e incertezas sobre a tramitação da Previdência. “Além da pressão externa, as declarações de Bolsonaro pelas mídias sociais preocupam o governo e seus apoiadores, o que tem reflexos na avaliação dos mercados sobre a capacidade de governar do presidente”, escreveu, em relatório, o banco Fator.
“Há essa pressão de fora e aqui dentro tudo que temos visto, principalmente com a comunicação meio confusa pela parte do governo, não oferece tanta segurança. É uma pressão que mantém o dólar nesse patamar perto de R$ 3,90 reais, ao menos no curto prazo”, disse à Reuters o economista-chefe da Geral Asset, Denilson Alencastro. Nesta sexta, Bolsonaro disse que acredita que a reforma da Previdência será aprovada ainda no primeiro semestre de 2019 e que o Congresso “não pode levar um ano” para analisar a proposta.Fonte: Fiems