Por que os predadores de dentes de sabre foram extintos?

Os dentes de sabre eram perfeitos para caçar, mas sua especialização extrema contribuiu para a extinção dos predadores que os possuíam

Os dentes de sabre, como os dos grandes predadores da Era do Gelo, eram incrivelmente eficazes para perfurar e dominar presas. É o que revela um novo estudo que explora a evolução e a extinção dessas espécies. Apesar de sua eficiência mortal, nenhuma das criaturas que possuía esses dentes sobreviveu além do Holoceno. Isso levanta questões intrigantes sobre os fatores que levaram ao desaparecimento desses animais.

Smilodon, conhecido como tigre-dente-de-sabre, é um dos predadores mais icônicos da Pré-História, ao lado de gigantes como o Tiranossauro Rex e o Megalodon. No entanto, ele é apenas um dos representantes de, pelo menos, cinco famílias de mamíferos e seus precursores que evoluíram independentemente dentes semelhantes, um fenômeno conhecido como evolução convergente.

tigre dente de sabre
Um dos predadores mais icônicos da Pré-História, os tigres-dente-de-sabre — e outros predadores com dentes de sabre — acabaram extintos (Imagem: AKKHARAT JARUSILAWONG / Shutterstock.com)

Essa característica apareceu pela primeira vez ainda no período Permiano, muito antes do surgimento dos dinossauros. O estudo, publicado na revista Current Biology, não apenas ajuda a compreender como adaptações extremas evoluem, mas também revela as fragilidades inerentes a elas.

A força e a fragilidade dos dentes de sabre

  • Segundo a pesquisa liderada pela Dra. Tahlia Pollock, da Universidade de Bristol, os dentes de sabre não eram apenas armas formidáveis. Eles representavam um delicado equilíbrio entre força e fragilidade.
  • Quanto mais longos e finos os dentes, maior o risco de quebra, especialmente diante de presas resistentes como bisões e cangurus.
  • Para testar essa hipótese, os pesquisadores criaram réplicas em 3D de dentes de 25 espécies de predadores de dentes de sabre e realizaram experimentos de mordida em blocos de gelatina.
  • Simulações computadorizadas complementaram os testes, identificando pontos de tensão nos dentes.
  • Os resultados foram comparados com os de 70 outras espécies de mamíferos carnívoros.
  • Os testes mostraram que os dentes de sabre eram extremamente eficientes para perfurar peles grossas sem quebrar, mesmo quando as presas lutavam.
  • Além disso, a forma dos dentes variava entre as espécies, apresentando um espectro de curvaturas, em vez de uma divisão rígida entre dentes “em dirk” (reto) e “em cimitarra” (curvo).
dente de sabre
Dentes de sabre foram analisados em estudo (Imagem: Mardoz / Shutterstock.com)

Estratégias de caça e extinção

Essa diversidade sugere que diferentes espécies com dentes de sabre se especializaram em presas e estilos de caça distintos. Enquanto dentes mais finos eram ideais para alcançar partes macias das presas, espécies que utilizavam uma abordagem de “prender e segurar“, semelhante à de felinos modernos, possuíam dentes mais robustos.

Porém, essa especialização pode ter sido a ruína desses predadores. Segundo os pesquisadores, os dentes de sabre eram menos adequados para caçar presas menores, e formas mais finas e curvas funcionavam apenas contra espécies específicas. Quando mudanças climáticas ou a chegada de humanos reduziram as populações de presas principais, esses predadores altamente especializados não conseguiram se adaptar a alternativas.

Mesmo quando havia novas presas potencialmente compatíveis, outros predadores com adaptações menos extremas já dominavam o ecossistema, deixando pouco espaço para os caçadores de dentes de sabre.

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